Friday 2 May 2008

M

Os olhos fazem-me lembrar um aquário nú, despido, onde nadam peixes pequeninos. As faces rosadas atiram-me alegremente aos dias de uma infância feliz. Os cabelos chegam-me ao coração de macios. As mãos sacodem todas as inseguranças. O semblante é cristal. Nas veias aceleram amores destemidos por uma família unida e feliz. Abençoada.
Gosto do riso infantil. Da graça dos ombros a dançar ao ritmo da gargalhada. Da arte de fazer tapetes. De fazer arroz. A carne. O peixe. Tudo o que tiver que ser feito. A visão de ajeitar o lençol branco numa armadilha só sua. Do pé a espreitar o quarto, fora da cama. Da reflexão no espelho a contar-lhe os anos. Da timidez nos passos. A sinceridade de um olhar maduro. Da pureza das palavras, da honestidade a soprar-lhe da boca. Aprecio a agenda da vida. Da semente que plantou. Aprecio como dobrou a vida como se dobra um guardanapo limpo, pronto a ser posto na mesa -com delicadeza. Sobretudo, aprecio os valores humanos que abraça no regaço todos os dias de manhã - de sol a sol. É Mulher. Sabe ser Mulher. Porque ri, sorri, chora, abraça a vida, luta todos os dias, sem quebrar, com alma, com sabedoria que ganhou da vida, contra ventos fortes ou astros mal colocados. Mas por saber ser, por ser, por ser essência, e por acreditar, consegue ver o melhor no reflexo do lago de todos os dias. Porque a beleza que lhe nasceu nos olhos é um 8 - infinita.
Falo da minha Mãe. E é pouco. Não há idioma que contorne a complexidade de tanta beleza, que possa descrever tamanho quadro de uma pintura impressionista.
Amo-te minha Mãe. Por tudo. Porque és uma Mulher linda. Porque és uma Mãe maravilhosa. Uma Mulher de família excelente. Uma amiga e companheira de todas as horas. E um ser humano embrulhado em raios de sol. Obrigada. Obrigada por hoje poder escrever-te este texto. Obrigada pelas oportunidades. Bilhetes na cama. Pequenos-almoços partilhados. Cafés de confissão. Dos abraços de perdão. Dos beijos de saudade. Da palavra de confiança. Obrigada por seres muito minha. Obrigada pelo nosso puzzle: eu, tu, o pai e o mano. Os mosqueteiros.
[bem sei que o dia da Mãe é só amanhã. mas a vida londrina não permite estes sopros ao nosso tempo e passo]

3 comments:

Anonymous said...

lindo...
Um dia quero ter uma filha como tu:)

Beijos Joaninha!!

Cátia Alves da Silva

Anonymous said...

Obrigada, por seres minha filha e seres a filha que és.

Muiiiiiiiiito obrigada.


Mãe

V. said...

:) tão bonito...