Saturday 21 June 2008


Em qualquer aventura o que importa é partir e nunca chegar. É mais ou menos isto que nos diz um dos poemas de Torga. E é isto que importo para mim mesma. Partir. Um verbo que tenho conjugado nestas duas (e meia e um bocadinho, vá lá) décadas de vida. Parti para Londres, e agora parto de Londres. E esta cidade é bastante vaidosa para me permitir viver por aqui: não deixa espaço para competir. Parto em busca do poema da minha vida. E tem sido assim: um sonhar constante, atravessando sinais proibidos, arriscando o risco. Em prol do poema da minha vida: Fui para os bosques viver deliberadamente. Queria viver profundamente e sugar o tutano da vida. E, não, quando morrer, descobrir que não vivi [in Clube dos Poetas Mortos]. Foi quando entendi o significado desta frase que deixei de atender ao barulho vizinho de (alguns) conselhos e ouvir o meu próprio ruído na ânsia do Amor pela Vida.
Gosto de Londres e gostei da sua aventura. Gosto de piccadilly, gosto da catedral de s.paul a piscar-me o olho quando caminho em direcção à universidade, do cemitério escondido frente ao restaurante, onde trabalhei e que ninguém nota, gosto do restaurante onde trabalhei, porque conheci pessoas simpáticas e diferentes, gosto da melodia dos sapatos numa orquestra afinada, que mais nenhuma cidade tem, gosto de Londres ser um poço sem fundo e me dar vertigens, gosto do ritmo e produtividade, dos mercados, gosto de camden e das cusquices da Amy no London Paper, gosto da sommerset house, gosto do rio e greenwitch, gosto dos pubs, não gosto que sejam avessos a música alegre, gosto das meninas meio despedidas a correr pelas noites frias, e sobretudo, quando diziamos mal delas, e elas não sabiam, gosto das 'largers', gosto dos phones no ouvido e caminhar até ao British Museum, gosto da Cultura, da simpatia nos olhares, não gosto da hipocrisia, e vi muita em Londres, gosto de suar no metro e reter a respiração, gosto de não ter que almoçar, gosto da segurança que se sente, apesar de meio mundo dizer que não, gosto do medo das pessoas quanto a mochilas perdidas, gosto deste blog e dos blogs dos meus amigos, gosto de todos os museus, gosto do nevoeiro, não gosto da chuva, e não gosto do nevoeiro em Maio e Junho, gosto das casas, da música, gosto do Estrela e falar sobre "ir ao poste" e dos sete milhões de habitantes, gosto de paninis, gosto da malta a beber às seis da tarde pós-trabalho, gosto de ver toda a gente a ler jornais e a comentar as notícias, gosto da BBC, gosto da rádio em inglês, mas sobretudo gosto do Mike, e da Niamh, e do Rustam, e do Delroy, e do Zé, e da Andreia, e da Sónia, e do Vasco,e sua Maria, e da Ana, e da Jojo, e da outra Ana, e da tate modern, e de atravessar a ponte até à tate modern e sentir um vento que sopra desde o london eye e só termina além da towe bridge. E sei que gosto disto tudo porque já sinto o esboço da saudade a varrer-me o peito.

Gostei, a sério. Mas também gosto...

do meu planeta b612, por isso, acompanhem-me em www.planetab612.blogspot.com

A minha London Collection já faz parte do meu planeta, e de vez em vez, venho até aqui, até vocês em jeito de brisa tuga=)

Até Setembro e até sempre,
Joana

Thursday 19 June 2008

a História é um ciclo vicioso

Como diz a minha amiga Ana, historiadora, a História é um ciclo vicioso, e segundo a mesma, a crise dos anos 30 ou uma terceira Guerra Mundial pode fazer parte do baralho de cartas do destino da (nossa) História: e foi isto que se passou há momentos no Portugal-Alemanha. Portugal sempre em grande - nas estatísticas, na posse de bola, nos remates, na beleza do jogo. E a Alemanha sempre igual: azeda na beleza do jogo, mas certeira - e na bola o que interessa é que sejamos certeiros. Doí mas é a verdade, e se não fosse verdade, não doía!
É o nosso fado, é o nosso papel no globo: estar a marinar no quase, mas nunca lá chegar, por uma razão simples: somos um povo do fado. Chegar seria vitória e festejo, e nós somos um povo de lágrimas, fiel ao saudosismo. Chegar não é connosco. Nós é mais conquistar, na certeza, porém...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...


Álvaro de Campos

Wednesday 18 June 2008

just for the record

Não, eu não vi o Vale e Azevedo!

I live with an iPhone

O meu amigo e flatmate Mike é o verdadeiro iPhone. Trabalhou dez anos para a apple, nos Estados Unidos (ele é americano e simpatizante do Obama=); a apple deveria continuar a pagar-lhe um salário pela paixão e publicidade que o homem lhe atribui.
Começou o seguinte "own business" em Londres:

http://www.macgp.co.uk/

Para quem tem macs e afins, este tipo repara tudo, soluciona tudo!...Spread the word...

Friday 13 June 2008

diários [do que me dizem em sussuro as imagens]


Gosto de ti. Tudo o que quero é poder dizer-te que te gosto. Apenas. Sem conjugações de verbos, sem metáforas, sem pontuações. Quero apenas escrever, dizer, -te, que te gosto. Gosto muito de ti.
Hoje o meu desejo é sonhar-te. Entrar a dentro pelo teu coração para te conhecer, para te saber. Quero que entres com vontade no meu.


[Muitos dos meus amigos me têm dito que não conseguem comentar os meus textos, por serem isto mesmo: o que chamo de indisposições literárias - esta palavra será demais, chamemos-lhe, frásicas. Não sei se vos acontece: imagens que gemem. Deficiência minha, pela certa! Andar pela rua e se uns clicam na máquina, a mim, uma certa imagem, pára à minha frente, e geme. Diz-me estórias sorrateiras. Conta-me aventuras. Outras vezes, as palavras vêm ao meu encontro, acomodando-se na berma do ouvido "a fazer barulho". Relevem estas indisposições, que são apenas isso. Não têm verdade, nem mentira. É a minha cusquice pelo mundo invisível]

Wednesday 11 June 2008

ai destino ai destino...

'Ele há cada uma':
Chego a Londres saí Mourinho. Vou embora, entra Scolari. E eu que estava a fazer uma excelente época=)


Habituei-me às legendas em inglês.

Sunday 8 June 2008

tuga weekend festival

Foi um fim-de-semana, no qual sábado foi vermelho e domingo verde, e assim, se pintou a bandeira portuguesa em Londres. Primeiro com o jogo tuga contra a Turquia em mais um campeonato europeu de futebol. E depois com o festival nos jardins do Kennington Park para as celebrações do 10 de Junho. Trocado por miúdos: palco com música pimba, barracas com sardinhas, cerveja tuga e língua portuguesa. O sol foi um convidado especial=)
Não é s.joão, não é a festa do Porto, e nem tão-pouco é a Avenida dos Aliados em comemorações; é a festa do primeiro jogo de Portugal em mais uma edição do Euro-football, em Vauxhall,em Londres: os carros com as bandeirinhas verdes e vermelhas desfilaram pelas ruas britãnicasa buzinar. São estes os que verdadeiramente se sentem tugas e dão voz a Portugal - os das comunidades.
Este vídeo pode ferir a sensibilidade musical de muitos, por isso, merece bolinha no canto superior do ecran=)... e porque aparece o Zé com os seus óculos marroquinos...ups:-)

Wednesday 4 June 2008



Ando viciada em Buarque, em Veloso, em Bethania, em Jobim, em Vinicius e todo o mundo Bossa Nova: com headsets colados ao ouvido, sem estarem colados ao ouvido, no pc, nos diálogos, na comida, no banho, nos sonhos, nos olhos, no blog, ...

Sunday 1 June 2008

#untitled#2



O caminho de A. é uma pauta. A cada passo há um acorde que A. ouve. O estrondo do 'tok tok' no chão, do sapato no chão é uma melodia que acompanha o ritmo da cabeça, onde quer que a cabeça esteja sintonizada. É nessa fervura que se forma a bolha - aquela transparente que separa A. dos outros, do mundo palpável à sua volta. A realidade pode-lhe esbarrar, dar-lhe um encosto, que o "sorry" não vai ser ouvido. A. e o resto do mundo fecha-se nessa bolha invisível. No stress dos sonhos. Quanto tempo falta para A. fazer tudo o que sonhou e sonha. Cada sustenido da pauta é um ano gasto e cada bemol um grito apagado num sonho não concretizado. É essa bolha invisível que sufoca A., que o distrai das fotografias que lhe aparecem à frente com nomes pomposos, como Big Ben. A. embala-se neste ritmo. Ouve os próprios acordes, segue a pauta, olha para o chão e vê o céu; olha para o céu e vê o chão. Faz como num photoshop e muda as cores do mundo, clica em rewind, em forward - como lhe der mais jeito. É isso, uma questão de jeito. Às vezes anda mais depressa, outras mais devagar - quem manda é a pauta! Outras ainda, tudo é um alarido de notas e barulho e movimentos invisíveis no ar. E outras, as que custam mais idealizar num instrumento, aquelas notas que se calam, que dão à luz um 'ré' tão tímido (talvez porque não haja instrumento que aguente tamanha tortura). É quando A. olha para o relógio que a bolha rebenta, que a pauta dizima e as notas se espalham num asfalto molhado, acabando por apodrecer.

Friday 30 May 2008



[Porto, 2007]

Ainda não percebi qual a indisposição que naquela tarde de Agosto [presumo] de 2007 me atacou. Perdi a noção do espaço, do tempo, do redor e do contexto. Pressionei o botão da máquina, e deste parto, aquilo resultou: é o céu, é o mar, é o chão? Não sei.

Wednesday 28 May 2008

vi Nova Iorque por um canudo

Aquela luz ao fundo do túnel é Nova Iorque. Estacionaram na plataforma da Tower Bridge, em Londres, um mega telescópio, todo revolucionário, munido de uma técnica que foge ao senso-comum, onde se vê a Brooklyn Bridge em NI. Uma fila enorme de pessoas antecede a curiosidade. As pessoas de um e do outro lado do oceano podem espreitar-se, e até, imagine-se, erguer cartazes com mensagens - tudo em tempo real! Deu para perceber que enquanto o termómetro baixou valores em Londres, em Nova Iorque o sol também invadiu o "telectroscope".

Tuesday 27 May 2008

crónica lunar nº1

Nas curvas das notas do piano ganhas balanço e saltas para dentro do meu coração, e por lá trovejas e baloiças e fazes palhaçadas. Acendes um, dois, três cigarros e deixas um fumo que me faz desmaiar. Perco os sentidos e o tino da vida. Desenho-me nesse fumo, tento aconchegar-te o mais que posso a este espaço e tempo sem cor, sem ângulo, sem forma. Estou completamente apegada ao teu silêncio de fumo, a essa tua estadia aqui dentro, ousada, às tuas falhas na mensalidade da renda, à tua desarrumação. Não foste tu. Fui eu que a criei.

Sunday 25 May 2008

Bank Holliday

Afinal, os ingleses não são forretas. Os feriados pela Grande Londres são "festejados" na segunda-feira que se segue ao dia oficial do feriado em questão. Ou seja, dia 1 e 22 de Maio, dois feriados que no calendário marcavam quinta-feira foram adiados para a segunda-feira que se seguiu. Boa ideia para evitar aqueles feriados que calham nos Sábados e Domingos. E, claro, os museus e teatros preparam programas aliciantes para entreter a populaça: "cool bananas".

Saturday 17 May 2008

[Dublin, 2008]

"E de súbito desaba o silêncio. É um silêncio sem ti, sem álamos, sem luas. Só nas minhas mãos ouço a música das tuas." [Eugénio de Andrade]

Tuesday 13 May 2008

para o Ricardo e todos os seres humanos

Depois de algum tempo tu aprendes a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E tu aprendes que amar não significa apoiares-te, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos, e presentes não são promessas. E começas a aceitar as tuas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante,com a graça de um adulto, e não com a tristeza de uma criança. E aprendes a construir todas as tuas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos. E o futuro tem o costume de cair no meio do vão. Depois de um tempo tu aprendes que o sol queima se ficares exposto por muito tempo. E aprendes que não importa o quanto tu te importes, algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceitas que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e tu precisas perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que tu podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás para o resto da vida. Aprendes que as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tu tens na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem tu mais te importas na vida são-te tomadas muito depressa. Por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vemos. Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser. Descobres que levas muito tempo para te tornares na pessoa que queres ser, e que o tempo é curto. Aprendes que não importa aonde já chegaste, mas para onde estás a ir. Mas se tu não sabes para onde estás a ir, qualquer lugar serve. Aprendes que, ou tu controlas as tuas acções ou elas te controlarão. E que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja um situação, existem sempre dois lados. Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprendes que a paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes a pessoa que tu esperas que te chute quando tu cais é uma das poucas que te ajuda a levantar. Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que tu aprendeste com elas, do que com quantos aniversários já celebraste. Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que tu supunhas. Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que os sonhos são uma parvoíce, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de seres cruel. Descobres que só porque alguém não te ama da forma que tu queres que te ame, não significa que esse alguém não te ame com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tu tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em algum momento condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que tu o consertes. Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores. E tu aprendes que realmente podes suportar, que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe mesmo depois de pensares que não podes mais. E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! As nossas dádivas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de o tentar.

William Shakespeare

Monday 12 May 2008


Eu, o Zé, e a Joana ... e a tate moderna ... pelo olho e arte da jojo.
E, esta, heim!?
O meu corpo tem sido um espelho reflectido do sol: raios de sol. Gosto disso. Espalhar os meus átomos pela relva dos parques, raspar o pés nas flores [poor things] e cegar-me de tanto sol no meu campo de visão. Tem sido assim: o fary e os meus flatmates acompanham-me nesta Primavera, a par da Saramago, do João e da Ana, da Andréia, enfim, dos meus amigos de London Calling e mais os amigos dos amigos =) ... A semana passada, eu, o fary e os flatmates fomos para a casa do professor do Mike, em Elephant and Castle para "tomar conta" dos filhos-adolescentes, enquanto os pais relaxavam a sul de Londres. Acho que foram mais os miúdos a tomar conta de nós! Eu e o fary chegámos em primeiro lugar [já tínhamos espreitado uma exposição no British Museum] ao mini-palácio do Mike's teacher: a casa é enorme, ex-propriedade de um padre local, sediada junto a uma igreja. Como ninguém estava na casa, decidimos passear pelo parque, tirar fotografias, e esbarramos com um café (imagine-se!) na cave da própria igreja. Entramos:

(recepcionista): Are you here for the Doga Dance?
(nós): no, just to have a look!

Bem, cuscámos pelo vidro de uma porta (isto na cave da igreja, meus amigos!) e havia malta a bailar o corpo ao som de um música toda mística - era a tal Doga Dance (whatever that is). Os nossos olhos denunciaram a nossa curiosidade: um homem alto e loiro abriu a porta e perguntou se gostaríamos de participar. E eu e o zé: Yeah, why not. Enfim, quando dei por mim estava a dançar em agradecimento à Mother Nature. E seguimos um ritual de abraçar as plantinhas com uma fita: tudo pela Natureza=)

Caso para sublinhar: This is London e o inesperado acontece a cada esquina!!

Durante a semana que se seguiu ainda houve espaço para uma exposição ["Blood on Paper"] patente no VA Museum, com a sorridente e optimista companhia da Andréia; seguida da fantástica companhia da Sónia que me apresentou ao Neil's Yard em Convent Garden (many thanks!).

Este fim-de-semana eu, a joana e o zé trabalhámos no nosso projecto (top secret, como diz a própria joaninha). E depois deste project foi a vez de queimar os fins do dia em pubs - mesmo insight culture; não esquecendo a noitada em old street =)

E, agora, meus amigos, é a vez de Dublin, onde vou encontrar um amigo que não vejo há...14 anos:-o...ou seja, éramos criancinhas quando nos conhecemos, e trocamos cartas e nunca mais nos vimos...imaginem agora a música do ponto de encontro=) [e nada de filmes, o rapaz está praticamente casado!]

e, assim, acontece!

Friday 9 May 2008

crónica lunar nº0

é na descendência do relógio que surges fera e fogo. que encarnas o verbo esfaquear e me entras pelo peito dentro e profundo. parece veneno de cobra. íman. apoderas-te deste corpo, sem pedir licença. és mal-educada. dás cabo do conteúdo deste corpo que sobrevive ao teu respirar. de tanto te gostar, chego a odiar-te. por isso, olha, quando te decidires arrumar-me em alguma prateleira do sótão, atira-me sem piedade. para que ali entre a poeira dos anos gastos e do amor defeito possa descansar e recolher-me no cheiro passado de duas vidas queimadas.
Are you from Portuguese?
No, I am from Portugal.

Are you Portugal?
No, I am Portuguese.

[mas esta gente anda toda com os copos]
Tenho saudades tuas e olho para a lua para saber como estás e penso se ainda te recordarás de mim do mesmo modo; se ainda serei a cabeça pousada nos teus joelhos, quieta, calma, pela qual não te parecia possível passar qualquer maldade. eu avisei-te: sou um louco. alguém em quem não se pode confiar, do qual se deve sempre esperar tudo, o pior possível. tinha-to dito tanta vez, antes disso, com os olhos; disse-o, tenho a certeza, e só não ouviste porque não quiseste escutar. Talvez precisasses que as minhas palavras confirmassem aquilo que os meus olhos diziam. Foi isso ? E, nesse cao, de quem foi a culpa por termos feito tanto caminho? Tua, por não teres acreditado no que te dizia sem palavras, ou minha, por te não ter confirmado mais cedo as suspeitas? Dos dois ? É possível.

Manuel Jorge Marmelo, O Amor É Para Os Parvos

Thursday 8 May 2008

frase nº 3

De todas as palavras, o silêncio é a que custa mais.

Tuesday 6 May 2008

Nas veias da cidade corre o sol, correm os vestidos abertos, as mangas curtas, o Maio dos amores. Londres mudou de vestuário e de maquilhagem [já não era sem tempo]. Os videos que se seguem provam o domingo bem passado em southbank.

[a edição aproxima-se do Blair Witch Project. acho que foi a emoção do calor]

Friday 2 May 2008

M

Os olhos fazem-me lembrar um aquário nú, despido, onde nadam peixes pequeninos. As faces rosadas atiram-me alegremente aos dias de uma infância feliz. Os cabelos chegam-me ao coração de macios. As mãos sacodem todas as inseguranças. O semblante é cristal. Nas veias aceleram amores destemidos por uma família unida e feliz. Abençoada.
Gosto do riso infantil. Da graça dos ombros a dançar ao ritmo da gargalhada. Da arte de fazer tapetes. De fazer arroz. A carne. O peixe. Tudo o que tiver que ser feito. A visão de ajeitar o lençol branco numa armadilha só sua. Do pé a espreitar o quarto, fora da cama. Da reflexão no espelho a contar-lhe os anos. Da timidez nos passos. A sinceridade de um olhar maduro. Da pureza das palavras, da honestidade a soprar-lhe da boca. Aprecio a agenda da vida. Da semente que plantou. Aprecio como dobrou a vida como se dobra um guardanapo limpo, pronto a ser posto na mesa -com delicadeza. Sobretudo, aprecio os valores humanos que abraça no regaço todos os dias de manhã - de sol a sol. É Mulher. Sabe ser Mulher. Porque ri, sorri, chora, abraça a vida, luta todos os dias, sem quebrar, com alma, com sabedoria que ganhou da vida, contra ventos fortes ou astros mal colocados. Mas por saber ser, por ser, por ser essência, e por acreditar, consegue ver o melhor no reflexo do lago de todos os dias. Porque a beleza que lhe nasceu nos olhos é um 8 - infinita.
Falo da minha Mãe. E é pouco. Não há idioma que contorne a complexidade de tanta beleza, que possa descrever tamanho quadro de uma pintura impressionista.
Amo-te minha Mãe. Por tudo. Porque és uma Mulher linda. Porque és uma Mãe maravilhosa. Uma Mulher de família excelente. Uma amiga e companheira de todas as horas. E um ser humano embrulhado em raios de sol. Obrigada. Obrigada por hoje poder escrever-te este texto. Obrigada pelas oportunidades. Bilhetes na cama. Pequenos-almoços partilhados. Cafés de confissão. Dos abraços de perdão. Dos beijos de saudade. Da palavra de confiança. Obrigada por seres muito minha. Obrigada pelo nosso puzzle: eu, tu, o pai e o mano. Os mosqueteiros.
[bem sei que o dia da Mãe é só amanhã. mas a vida londrina não permite estes sopros ao nosso tempo e passo]

Friday 25 April 2008

Esta fotografia é muito bonita. Porquê?

a) vestido
b) lâmpada
c) céu
d) bandeira do FCP......:-)

Wednesday 23 April 2008

12/09/07

Uma vez mais parto. Todos os dias se parte: de alguém ou para alguém. Hoje o coração partiu de, a desejar para.

Estou proibida de escrever em aviões.

Saturday 19 April 2008

speed of sound

Shame on me. Desculpem a ausência. O deserto dos posts. De posts inacabados que se acumulam na caixa dos drafts. Enfim, it's the speed of sound ... ou melhor da Joana.
Os dias têm sido três casas: a minha para dormir e tomar banho, a universidade para estudar, e o part-time waste of time, gain of money ... Anseio pelo dia [noite] 25 de Abril para a Revolução do III Encontro de Bloggers Tugas em London, mais Star Trackers, e por ser esse também o dia da minha deadline [I'm dead otherwise], E, por ser esse o dia da chegada da minha tia, que estará de visita.

E agora deixa-me speedar para o waste of time, gain of money...

Tuesday 15 April 2008

Monday 14 April 2008

Sunday 13 April 2008

O cientista da fotografia


Os cabelos pontiagudos exibidos aleatoriamente pela cabeça fazem lembrar um cientista louco - 'louco' até pode ser, mas por fotografia [o senhor do lado esquerdo]. Mike Figgis é um bom nome para quem aprecia fotografia - é aqui que entram o Fary e a Jojo. Andava eu à deriva por Leicester Square, e, sem querer esbarrei com a Photographers' Gallery. Rendi-me à porta, esbarrando com o Fary e a Jojo. Estavam visivelmente assombrados com a beleza artística do senhor (no dia anterior tinham visto os seus olhos capturados pelo click do senhor Figgis).
Figgis colou (literalmente) os seus shots à parede. Sobre coisas diversas. Caras. Objectos. Ruas. O que faz parte da rua. Tudo o que o seu olho avistava, Figgis captava com a máquina fotográfica, porque como o próprio diz: "a fotografia tem a ver com o olho".
Mike Figgis foi nomeado para dois óscares em 1996 com a película "Leaving Las Vegas" - aqui é o respectivo site por referência da Jojo.

Mesmo não conhecendo bem o seu trabalho, mas exaltada pela curiosidade das suas respostas, atrevi-me a umas perguntas (surgidas no momento) que Figgis coolmente aderiu (mesmo estando atarefado com o pc e a impressora no improvisado estudio):

O que é que o faz clicar no botão da câmara?
O que quer que seja. A fotografia tem a ver com o olho, portanto, tudo o que suscite o meu olho, eu tento capturar. Seja o que for, se despertar o sentido do meu olho eu quero fotografar.

Prefere fotografias a preto e branco ou a cores?
Gosto das duas, se bem que o meu gosto pessoal recai pela fotografia a preto e branco. Nos últimos tempos tenho descoberto que adoro cores. Dependendo do contexto, tento captar a imagem de acordo com o que vejo.

Roland Barthes definiu que o que um fotógrafo capta é o modo como vê esse objecto ou pessoa. Partilha desta definição?
Totalmente. Eu fotografo e vejo uma realidade, e depois, quando olho a fotografia de novo, vejo outras coisas, outros contextos e realidades, e à medida que o tempo passa ela [a fotografia] vai ganhando outros contornos que eu vivo com ela e sinto sobre ela.

Quando e como se apercebeu que estava apaixonado por fotografia?
Quando tinha 12 anos. Queria muito uma máquina. Desejava ter imagens ao meu redor, e desejava fotografar a minha família e os meus objectos.

O que gosta mais de fotografar?
Pessoa e especialmente mulheres. Mais do que homens, devo dizer [risos]. Gosto de mulheres e pessoas mais novas. Também fotografo rapazes, a rua, objectos, tudo o que os meus olhos quiserem que eu fotografe e onde apanhe expressões.

Qual acha que vai ser o futuro da fotografia?
O futuro para a fotografia anda mau. Vai ser assim como isto [aponta as maõs para as suas fotografias coladas na parede]: arte, exibições. No mundo da fotografia há muito o perfil da superficialidade e das celebridades. A fotografia não é isso. Tem a ver com democracia, e o que estamos assistir é muito marxismo [capitalismo]: tentar fazer dinheiro. Temos que contrariar esse caminho.

Saturday 12 April 2008

há músicas que nos contam estórias ao ouvido

foi assim:

pudesse eu empurrar a porta do teu coração e falar-lhe ao ouvido. dizer-lhe o que devia ter dito desde o primeiro segundo, quando os olhos rasgam os outros olhos, até ao mar da alma, até onde mora o mistério do desejo humano, da paixão, do amor. dizer-lhe, dizer-te o quanto desejo chegar até ao sangue, à fervura dele. esquartejar essa máscara que trazes vestida. pudesse eu despir-me. despir-te. rasgar a máscara sufocante. cozer-te às minhas palavras e mistérios que entendes por devaneios, mas que fazem todo o sentido por onde vagueio. pudesse esfaquear esse coração de pedra, do qual tanto te orgulhas. pudesse quebrar o teu tempo e espaço; entrar pelo teu quarto e descobrir-te a cada primavera que passa.
pudesse entender-te a cada letra. segurar-te a cada palavra, e pendurar um abraço ao teu discurso irregular. mostrar-te o meu quarto e mostrar-te a colecção dos beijos dados, das cartas partilhadas.
pudesses entender o trânsito destas frases. pudesse eu as ler. pudesse o teu ouvido chegar até ao infinito onde mora o meu coração. quantas das tuas palavras têm significado – pergunto. pudesses pedir licença para te dar a oportunidade dos passos gigantes. levar-te para longe, onde moramos. esmagar-te com as provas dos sentimentos e nalgum ponteiro do relógio, pudesse eu olhar-te, no fundo de ti, no fundo do que te fez nascer, do teu mundo, e dizer-te, que te quero. ser lamechas, como o Amor deve ser.
vivê-lo a preto e branco para depois pintá-lo a cores.

surround me with your love.

é o que esta música quer dizer.

Friday 11 April 2008

Wednesday 9 April 2008

dentro da queen city hall
fora
london bridge
in london bridge


the castle

Tuesday 8 April 2008

The finest female artist of London:

Aqui

Monday 7 April 2008

Estava no lugar certo, há hora certa - quando te conheci. O que quero dizer é que esse lugar começou por ser o 'Público', a hora é que já sem certeza. Depois ajudou ter enlaçado empatia com o Pimenta para chegar até ti - Fary. Que gozo me dá seres meu amigo. Pudesse eu dar-te muitas mais prendas do que aquelas que me dás a mim. A última foi o prémio de fotografia que recebes-te.

Só para te dizer:

p a r a b é n s

Sunday 6 April 2008

Neve

A noite em claro fora um prelúdio. Para mim fora sempre manhã de janela fechada. Quando desisti de um sono sobressaltado, abri meia janela, e o Pólo Norte surgiu-me. Nevava tanta neve - pequena - que parecia que nevava dentro de casa e o frio gélido se estendia pelas bordas do corpo. A neve na Primavera assemelha-se a estilhaços de vidro, dividido pelas cores primárias, a multiplicar pela luz fria que corre nas veias do vento, e cujo resultado é um leve sorriso fantasmagórico de quem ainda recorre a reminiscências perpetuas mas nao vindouras.

Friday 4 April 2008

Foi no segundo ano de Comunicação Social na Universidade do Minho na cadeira de Geografia Humana, que aprendi a história dos Lugares. A relação de nós com o espaço. As estórias que tatoamos nos lugares, nos espaços, e que mais tarde revisitamos, revivendo essas estórias passadas.
Na ocasião fizemos um exercício com a professora: todos tínhamos de escrever uma estória que tivessemos vivido em determinado espaço, ou seja, descrever a nossa relação com esse lugar. Confesso que fiquei perdida. Tenho imenso lugares que contam imensas estórias. Mas na altura não descobri o verdadeiro sentido do que a professora pretendia transmitir. Listei uma série de espaços onde me recordam estórias - contudo, achei aquela lista vazia. Nem sei porquê. Vazia de alma, vazia de significado - e não era suposto.

Hoje ao ler o Vasco recuei até essa aula, percebi-me, percebi a minha relação com os espaços. Li a (excelente) reportagem sobre os bloggers fora do território português, onde participaram a CK e o Melões.

É simples: para mim os lugares são as pessoas. És tu. O meu espaço é aquela linha ténue, que não se vê, mas que me liga ao meu outro, que se rege pelo verbo partilhar.

É isso que são para mim o Porto, Braga, Amesterdão e Londres - onde corre o espírito das minhas estórias. Não é a cadeira onde nos sentamos a conversar, mas a expressão dos olhos do que dissemos.

Tuesday 1 April 2008

acordei com um leve sol a vasculhar-me a cara, e um colchão tão mole que me senti a naufragar. um cheiro a torradas com manteiga numa cozinha fora do sítio. da janela assisti a sinais de vandalismo: motas incendiadas e vidros partidos. em casa acedi a uma segurança contra-natura. e na escola ouvi o que se lê nos jornais: Bush. a custo embalei a agenda no regaço.

voltei. a londres. a vocês.

Thursday 13 March 2008

someone who needs somewhere

Como nas próximas duas semanas vou estar em Portugal, ancorarei as estórias no meu planeta b612 - o blog de sempre. A um click de mim:=) Quando regressar, ao ritmo do eco do London Calling, retomo aqui a escrita. Até já, folks!!

Monday 10 March 2008


[Convent Garden zone; lá não se anda, levita-se]

Saturday 8 March 2008

Anteontem caminhava no passeio rumo ao trabuco, quando um homem de casaco e mala castanhos cruzou a minha direcção. Desviei o meu passo para o contornar. Ao fazer este movimento, eis que uma bicicleta vem contra mim. Ou eu contra a bicicleta. Paralisei a marcha, bati os olhos e dei um grito. O miúdo desviou-se e não me bateu. O homem de casaco e mala castanhos fez eco ao meu grito com outro grito. O rapaz perguntou se estava tudo ok. E eu não lhes disse nada. Eles não iriam perceber. Aquilo fora uma metáfora para os meus pensamentos carentes. Fugi deles, sussurei um all's fine e refugiei-me nos degraus que ali estão todos os dias.

Pus-me a profetizar: se alguma coisa de grave acontecesse ninguém quereria saber. O que faria eu? Estamos, de facto, sozinhos. Os dias passam-se de nós para nós. E, depois, como contactar os que, longe de nós, nos realmente amam e se interessam. Pus-me em prantos. Achei a vida injusta por várias razões. Achei que os que não merecem ganham finais felizes, e os que merecem apanham pontapés.

Quando tirei as mãos da cara deparei-me com uma rapariga debruçada sobre o meu olhar, parada. Are you all right? Do you need anything? Questionava-me preocupada. E eu em prantos a olhar para ela. Disse-lhe apenas que sentia saudades de casa. All is gonna be alright!

Estranhos há que aparecem no momento certo. Vindos não sei de onde, mas com um propósito. E nestes momentos sou eu quem é injusta com a vida.
Foi há mais de ano que me contaram uma estória de Amor. O último parágrafo anunciou: Para o ano casamo-nos.
E assim é. Está a acontecer hoje. Parabéns Cátia e Miguel. Que hoje seja o primeiro dia do resto das vossas vidas.

Entretanto, o meu génio e poeta e pintor uncle Jorge faz anos hoje. Feliz aniversário para ti, e olha lá que benção: celebrares a tua vida no mesmo dia em que se celebra a vida de todas as mulheres:-) Gosto muito de ti, el corleone.

Thursday 6 March 2008

my blueberry nights

goodbye does not have to mean the end. sometimes it means a new begin.

Gosto de diálogo, sobretudo quando o diálogo não me saí da cabeça ou do coração: o meu problema é que a razão e a emoção misturam-se num caldo desenfreado. Um argumento e a comunicação dos personagens é para mim o oscar. Gosto da fotografia também. As imagens que dançam nas entrelinhas dos diálogos. Gosto de filmes. Gosto de cinema. Gosto das cadeiras do cinema. Da sala. Insulto os barulhentos: atenção, não os que roem pipocas, que estas eu adoro, mas aqueles que não páram nas cadeiras e roçam o corpo de tal ordem que me atormentam os sentidos. Gosto da música. Da banda sonora. Enfim, gosto de estórias bem contadas. Aconselho my blueberry nights.

I will go till I run out of places to go.

Wednesday 5 March 2008

Resposta ao desafio dela. Remeto as perguntas para quem quiser participar no «jogo».

1 - Por que resolveu criar o blog?
Escrever é o que me mantém ligada ao mundo, e este a mim. É o meu melhor laço na comunicação com o meu «outro» e o meu «eu». As letras são a minha tela, onde represento as minhas expressões.

2 - O que te dá mais prazer em "blogar"?
Imortalizar um sentimento, uma visão, um momento. Fotografá-lo e oferecê-lo aos que estão na minha órbita.

3 - Há algo que te irrite no mundo dos blogs?
Sim. O orgulho exagerado de quem se acha "o maior".

4 - Porque você deu este nome ao seu blog?
O meu blog é o planeta b612. É o meu retrato. Foi onde comecei pelas pegadas do livro O Principezinho do Antoine de Saint-Exupéry. Foi o grito cá dentro de criar o meu planeta onde pudesse assistir a todas as auroras e a todos os dilúculos. O London Calling é um eco do meu planeta, um género de submundo para captar e encaixilhar uma experiência de vida.

5 - Quanto tempo por dia você gasta com seu blog?
Não contabilizo o meu tempo no blog. Quando sinto os sentidos apertados e uma vontade de cair do trapézio, a minha rede é sempre o blog.

6 - Indique um blog que você considere bom e explique o porquê da escolha.
Tenho muitos blogs os quais me sinto apaixonada, outros estou praticamente casada, outros divorciei-me, e outros mantenho uma grande cumplicidade. Não existe um, existem muitos.

7 - Qual foi o tempo máximo que ficou sem criar novos posts desde que você criou o blog?
Nunca fico muito tempo sem escrever. É como respirar. Se reter as estórias cá dentro, desmaio.

8 - Já teve vontade de abandonar o blog? Porquê?
Não. Jamais.

9 - Indique um livro, um filme e um disco.
Um livro: qualquer livro ou poema do Al Berto ... porque é onde vejo o meu ser reflectido no espelho de cada nova manhã.
Um filme: Before Sunset ... porque me identifico com a personagem feminina.
Um disco: melhor um grupo, Sigur Rós ... porque me inspiram.

10 - O que acha desse tipo de 'meme'?
Pelo que sei "meme" significa ser, qualquer coisa que pertence a nós, e vive cá dentro, como um passarinho a voar numa catedral - neste sentido, o(s) meu(s) blog(s) são 'memes'.

Tuesday 4 March 2008

A rainha esteve na minha rua hoje. É um alarido de polícia, que julgava que tinha que chamar a polícia para evacuar a outra polícia.

Segundo o relato de um amigo, a Elizabete II esteve de visita ao St. John's Gate. Por momentos, pensámos que estivesse interessada nestes apartamentos luxuosos da Francis Rowley Court... :-)

Monday 3 March 2008

[na entrevista para obter o tal Insurance Number, que é como quem diz descontos para a caixa inglesa]

- Are you married?
- No
- Are you sure?
- Yes (dasse)
- Do you have children?
- No
- Are you sure?
- YES (então, eu não saberia)
- Do you live in this address?
- Yes
- In this number and post code?
- Yes (esta tipa deve achar que eu pertenço à mafia)
Existe mesmo o português de Portugal e o português do Brasil.

Vagner: Vou fazer um piercing no supercilios.
Joana: Ah!!??
Vagner: (leva o indicador direito ao sobrolho)
Joana: Ok, mas isso chama-se sobrolho, Vagner. Supercilios (desato-me a rir)
Vagner: Oh Joana, desculpa, mas é supercilios, porque isto (as pestanas) são cilios. Então, o que fica por cima são os supercilios. E pestanas é um nome muito feio.
Joana: Pestanas é o nome disto (mexo nas ditas). Cilios (mais uma risada - tem a sua piada)
Vagner: Pois, eu falo brasileiro e tu português...
Joana: oh oh, ó Vagner...

[passado uma meia hora]

Vagner: Vieste p'ra aqui de aeronave?
Joana: Oh Vagner, eu vim de avião. É A V I Ã O...
Vagner: Oh Joana, por favor, é aeronave...porque vem do ar.

ai senhores...

Sunday 2 March 2008

Sou criança nos teus braços. Sou frágil planta. Sem nome, cor ou identidade. Rumo ao definido por caminhos indefinidos. És matemática em mim. Não sei fazer a nossa equação. Sou esboço do teu desenho. Talvez. Não.

Friday 29 February 2008

O pior da dor humana é a dor da perda. Porque se caí não se sabe bem onde. E olha-se para cima e não se enxerga nada. Ficamos confinados a uma bolha vazia. A um puzzle incompleto, e a uma nostalgia que nos prende os sentidos. O céu fica, por uns tempos, sem cor, e o chão escorregadio. Alguém essencial no compilar da nossa vida desaparece, e pronto. A vida, por todas as circunstâncias, continua. Tem que continuar.

Resta, então, o porto de abrigo dos amigos e familiares - essa vela que jamais se apagará.

[E, como dizes, M., guardar cá dentro tudo o que foi - sem exepção]

Wednesday 27 February 2008

Hoje o meu avozinho faz anos...upa upa...

PARABÉNS, melro!:-)

Diz que a terra tremeu em Londres

Eu estive de olho arregalado até o relógio apontar a madrugada, e não senti nada. Nem uma caneta a escorregar secretária fora, nem uma tontura, nem a cama fora do sítio. Já o americano, depois desta manhã o ter alertado para as notícias about the earthquake, ficou em polvorosa: ah, então foi isso que aconteceu, é que senti a minha secretária abanar, mas pensei que fosse da minha cabeça...

Notícia aqui

Sunday 24 February 2008

National Portrait Gallery

Germaine Greer, b. 1939
australian-born writer, academic and author of the Female Eunuch (1970), a key feminist text discussing the role of women in western society. Subsequent works include Ship-shod Sibyls (1995) and The Boy (2003).

By Paula Rego, b. 1935
pastel on paper laid on aluminium, 1995

Greer is wearing a jean mair dress and some favourite old shoes. The portraits lack of flattery appeals to Greer: "A portrait that is kind condescending. The last thing thing I would want is for Paula to condescend to me, and it's the last thing she would think of doing".

[sala 38, National Portrait Gallery]
[Lisboa, Novembro de 2006]


Eu não sei esquecer.
Só recordar.


Lover you should've come over.

Wednesday 20 February 2008

O2

quem vê o edifício do O2, em norte greenwitch, a sul do rio, ao longe, aquilo parece um OVNI. a sério. quando a nibs falou em cinema no O2, e ao contar a cronologia do espaço - que tinha sido uma arena transformada em moll, eu pensei: "hmmm....deve ser feio como o raio". Mas não. O bicho até é pretty, e pelo que a nibs contou, tem uma sala de cine com quinhentos e poucos lugares, não é assim!?

nota: a nibs e o rui (ai vais, vais) também vão dia 2 ao almoço, e pelo que percebi há chances de ir a Andreia e o Pedro.

brick lane



brick lane. eu sou mais brick lane gal. que se lixem lá as oxfords streets, e mais os piccadillies, os harrods, os palácios e mais não sei o quê. em londres inspira-me o "outro", e a diferença, o multiculturalismo que dá alma à cidade: sim, porque se não fosse a mescla de azulejos, londres não teria metade do encanto que lhe caracteriza.

brick lane, na zona este da capital inglesa, é também um livro que originou um filme. esteve na tela em novembro, e é uma estória de amor sobre uma rapariga do Bangladesh. monica ali é o nome da escritora que deu estória a brick lane.

Saturday 16 February 2008

Thursday 14 February 2008

será verdade?

Enviaram-me um e-mail com esta pérola, ao que parece, assinada pelo Financial Times. Segundo o remetente do e-mail, aquele jornal britânico terá publicado na edição de 13 de Outubro do ano passado o mapa de Portugal tal qual apresentado na figura acima.

Se não fosse trágico, seria hilariante.

Wednesday 13 February 2008

party

Muito obrigada aos bloguistas portugas em Londres pelas mensagens de "feliz aniversário". Fui de visita relâmpago a Portugal para festejar mais um ano que passa por mim: 26.

E convido os meus amigos bloguistas e não bloguistas :-) para a festarola a realizar este sábado (dia 16) na old street, num club que está aberto até mais tarde, e mais importante, não se paga. Chama-se 333 Mother (lembram-se Sónia, , Ricardo,...?)!!

Ponto de encontro: old street metro station, 21h - nos corredores subterrâneos.

Aproveito para confirmar a minha presença no II Encontro dos Bloguistas tugas, dia 2 de Março, e dizer-te que sim, que todos aqueles contactos responderam, e que agora estou a ponderar as acções e os horários:-)

Sunday 3 February 2008

Hoje ao calcorrear Covent Garden, na direcção a Leicester Square vi o mundo numa montra. Comprei-o e enfiei-o dentro do meu quarto.
Are you an optimistic?

O velho de Bagdad olhou-me de soslaio nos bancos desconfortáveis da estação de metro em Bank. Nas mãos trazia decorada uma revista, e uns óculos minúsculos propositadamente postos na ponta do nariz. Tinha um olhar escuro, que contrastava com a neve farfalhuda da cabeça.

hmmm...I'm more a sceptical, but you can say, most of the time, after the bad thoughts or pain, I can be an optimistic.

Soltou uma gargalhada rouca. Disse-me de um só fôlego que estava a ler um artigo, escrito por ministros noruegueses, que dava conta do fim do mundo em 2012. Do you believe it?

Not really, sir.

Because you still young and you want to live long time.

No, because that's madness.

Perguntou-me de onde era. Beautiful, Have been there few times. Perguntei-lhe de onde era. Never been.

Ainda com ar diletante anunciou como num eco que era artista. what kind of artist? Architect.

Friday 1 February 2008

"ok" não chega

Eu gosto de ser exigente comigo mesma. Assim tenho crescido e avançado na literatura da vida. Os meus pais, professores, amigos, editores, colegas de trabalho, de turma, whatever, têm ajudado a este crescimento. A verdade é que é a estas pessoas que devo as minhas bases e conhecimento. E de passo a passo cheguei até Londres, até ao Mestrado, até à pergunta que me vai acompanhar durante os próximos seis meses. Ou seja até ao trabalho de investigação que resultará na tese. Já tenho tacho e fogão para o tópico, ou seja, tema e ideias, faltam-me os ingredientes - os quais vou desde já começar a tratar. A minha orientadora vai ser nada mais nada menos do que a italiana expert no assunto a nível MUNDIAL, que me disse acerca da minha ideia:"Muito interessante, boa escolha, estou feliz por participar neste teu projecto".
Hoje o ****** de outro professor, que não deve percebe nada da matéria, responde-me com um "ok" quando lhe contei o que iria versar a minha tese. Ou seja, a mesma reacção se eu lhe contasse que à noite iria ao cinema, ele diria "ok". Mas "ok" para o meu trabalho suado é muito pouco. Não serve. argh.

Wednesday 30 January 2008

Novos ministros com grandes curriculos.

Friday 25 January 2008

não sei onde estava o saxofone. se era, apenas, o rio a afinar a sua melodia. mas aquela pauta à minha frente, ontem, na margem do Thames com o olhar tímido do London Eye, e o romantismo de um ou outro corpo a deambular pelo rio, foi uma fotografia tirada cá de dentro, e que por cá permenacerá. esplêndido.
Confunde-me a educação de um puto inglês. Fico estonteada. Um miúdo deve saber-se comportar, dizer obrigada quando deve dizer, pedir desculpa na devida ocasião. Quando eu tiver os meus - oxalá - quero e devo saber transmitir estas coisas dos bons modos. Agora, uma criança, de cinco anos, que se senta à mesa, direita, traço das costas rectilíneo, thank you this and that, não barafusta, quase pede licença ao pai e à mãe para falar, permanece incólume não é normal. Uma criança guarda sempre uma palhaçada para alguma ocasião imprevisível. E é saudável. Educação à inglesa deste modo, no thanks.

Thursday 24 January 2008

qualquer dia apareco na tela gigante das salas de cinema do Arrabida ou de um outro centro comercial. assim do genero emplastro. a fazer que faco. figurino. ao largo da universidade onde estudo estavam a rodar um filme de "vampirada" - isto ontem. e no sabado passado estavam a rodar um outro tipo "gansters" perto da estacao do metro "angel", que fica nas proximidades da universidade. nao consegui averiguar sobre a pelicula, porque estavam busy busy.

[como e facil perceber, este paragrafo foi escrito num teclado ingles, que caracteristicamente sofre de certas lacunas e de outras originalidades. sim, porque isto, meus amigos, nao e a europa, e o UK :)]

Wednesday 23 January 2008

Foi em 2005 que tive o prazer de estagiar no jornal Público. O prazer maior foi descobrir a malta fixe, que ao longo dos dias desbravava estórias, e imprimia letras no papel. A Andréia Azevedo Soares faz parte dessa malta fixe. Hoje também corre a tinta da caneta por Londres, mas num jeito de bordado inglês. Aqui.

Tuesday 22 January 2008

amélie - parte II

puxei a gaveta da secretária do quarto com tamanha força, que a gaveta acabou por se deslocar, caindo no chão. quando me preparava para repor o estrago, com o rosto colado ao solo [trata-se da última gaveta], saltou-me aos olhos um papel, branco sujo, liso. comecei a fazer um filme:

será um velho bank statement, daqueles que só trazem mau fado, e por isso, foi ali recolhido, alheado de toda a angústia. ou uma carta perdida por entre vários hóspedes do quarto e tinha por finalidade dar as boas-vindas ao próximo. ou uma última carta a explicar um suicídio. ou uma confissão de algum crime. ou até um poema, com ou sem rima. ou uma carta de amor.

já me imaginava a calcorrear a velha e a nova londres à procura de alguém nos seus, sei lá, 60 anos, enrugado - romantismo puro - dir-lhe-ia que encontrei aquela carta, sumida, suja de pó, assinada pelo love of his life, e que lhe roubou anos de felicidade, ele então choraria baba e ranho, eu afagava as suas mãos e explicaria que nem tudo estaria perdido, que haveria um objectivo, e que encontrariamos his lover.

quando desdobrei o papel:
era efectivamente uma carta. Remetente: job agency. Destinatário: uma ex deste canto londrino.
e eu a pensar no fabuloso destino de jo.

Monday 21 January 2008

"se os olhos descobrem os olhos"
e
"o sonho é a realidade"
"não separes o corpo da paixão"

D'ela quando baila atenta pelas ruas do Porto.

Exército Terracota

Chinas's Terracotta Army é uma - sedutora - exposição no British Museam. Despejou as malas em Setembro e abala em meados de Abril [quase a mesma duração das aulas do meu mestrado]. Lá conta-se tudo sobre o primeiro Emperor que conquistou a China, e ergueu as suas muralhas, e sobre o exército Terracota destinado a protegê-lo - o homem que uniu a cultural madarim mas que temia a morte.
Hoje choveu efectivamente em Londres. Chover de chuva. Muita. Chuva enevoada. Daquela que entra por todo o lado sem pedir licença. Daquela que não sabe o que o conceito de umbrella quer dizer. Guarda-chuva para um lado, Joana para o outro. Sim, hoje choveu a sério.

Wednesday 16 January 2008

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa

Sunday 13 January 2008

Eis o pior da solidão, ou dos momentos - muitos - que se passa sozinho em espaços vazios e/ou desconhecidos, quando, enfim, estamos nós e nós/eu e eu:

pensar, pensar, pensar. no que se deve e no que não se deve. no tudo e no nada. no que foi e no que vai ou pode ser.

madrugada

numa das muitas madrugadas acesas de amesterdão, uma amiga norueguesa - Ingrid - falou-me de um grupo que tinha um nome português, que não sabia bem qual era, mas que as músicas, dizia-me ela, "são awesome". mais tarde uma amiga, desta vez portuguesa - Isabel - falou num grupo fantástico estrangeiro que se chamava madrugada. 1+1=2. terminei o puzzle e fui à«net». as músicas são realmente "awesome". não é a primeira vez que estaciono a madrugada dos meus dias ali do lado. mas esta música descobri hoje, e é extraordinária. partilho.
a minha london collection está a aumentar. e ainda bem. no sábado passado eu e os bloguers tugas, aqui de londres, juntamo-nos à mesa em Vauxhall. conhecemo-nos e assim expandimos a rede de conhecimentos tugas. tudo boa gente :=)

Tuesday 8 January 2008

Às oito horas da manhã não se deve esperar muito de uma pessoa. Na volta à rotina de Londres, o sono quase me levava para Itália.
Alheada ao portão de embarque, e ao destino, entreguei o boarding pass e rumei até ao avião, só a voz estridente do rapaz do embarque quebrou o meu sossego:

- quem é que vai para Londres?
- vamos todos, oh parolo (sim, ainda tive tempo de pensar uma maldade destas)
- quem é a miss Soares
- pronto, já meti a pata na poça
- este avião vai para Itália, você vai para LONDRES, gate 18.
- hmmm...

Mais tarde, ao passar o controlo novamente, um outro senhor verifica o meu BI e dá-me a novidade: "Joana, o seu BI caduca em breve - dia 20". "Passshhh". "Está a ver!?" - exibe a data de expiração do documento. "Que grande chatice".
Na verdade, eu não estava a ver nada, porque mais tarde confirmei, e afinal caduca em 2009. Às oito horas da manhã não se deve esperar nada de uma pessoa.

Saturday 5 January 2008

com um verso mal embutido se derrama um poema

Tuesday 1 January 2008

à memória da minha tia Maria...

Tia Maria. Não é do licor que falo, mas de uma mulher: tia, mãe, força da natureza. As letras do abecedário são poucas e vulgares para a definir. Sempre firme, sempre forte - até na hora da partida. A tia gata: olhos verdes, cabelos brancos que o tempo lhe pintou. Linda. A pele macia das mãos muitas vezes aconchegaram-me o peito. A tia Maria desempenhou um papel importante na minha infância. Deixava-me fazer asneiras no apartamento da Constituição, levava-me a comida à boca. Eu recusava a comida à boca, e a tia Maria contava estórias. Eu, entretida rebolava o melhor esparguete cozido que alguma vez provei. Se agora fechar os olhos e fazer de mim o sentido do paladar aquela manteiga a escorregar no esparguete. delicioso. Animada, ouvia as estórias das duas irmãs, do saco de presentes, do bom e do mau. E à tarde embalava-me na cama, quentinha, fazia festas na testa e eu assim, criatura feliz, adormecia. Preparava-me o lanche, e cedia às minhas pressões infantis para ficar lá a dormir e crescer um pouco mais no novo dia. Verdes anos. Foram, de facto, verdes anos. No apartamento da Constituição. Aquela gargalhada safada da tia sacodia qualquer embaraço ou tristeza. Tinha a resposta pronta na língua. Era uma mulher a sério. E por ser tão grande e tão mulher, no regaço educou a filha de igual modo - a minha tia Maria dos Anjos. Dos Anjos. Sempre amiga, sempre fogo, sempre terna, sempre humana. Sempre forte.

A tia Maria partiu conquistando o novo ano e esperou por mim. Ainda bem que te sussurrei ao ouvido o quanto te gosto, ao mesmo tempo, que te descrevia a linha do Douro que espreitava pela janela, a sorrir para ti.