Tuesday 27 May 2008

crónica lunar nº1

Nas curvas das notas do piano ganhas balanço e saltas para dentro do meu coração, e por lá trovejas e baloiças e fazes palhaçadas. Acendes um, dois, três cigarros e deixas um fumo que me faz desmaiar. Perco os sentidos e o tino da vida. Desenho-me nesse fumo, tento aconchegar-te o mais que posso a este espaço e tempo sem cor, sem ângulo, sem forma. Estou completamente apegada ao teu silêncio de fumo, a essa tua estadia aqui dentro, ousada, às tuas falhas na mensalidade da renda, à tua desarrumação. Não foste tu. Fui eu que a criei.

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