puxei a gaveta da secretária do quarto com tamanha força, que a gaveta acabou por se deslocar, caindo no chão. quando me preparava para repor o estrago, com o rosto colado ao solo [trata-se da última gaveta], saltou-me aos olhos um papel, branco sujo, liso. comecei a fazer um filme:
será um velho bank statement, daqueles que só trazem mau fado, e por isso, foi ali recolhido, alheado de toda a angústia. ou uma carta perdida por entre vários hóspedes do quarto e tinha por finalidade dar as boas-vindas ao próximo. ou uma última carta a explicar um suicídio. ou uma confissão de algum crime. ou até um poema, com ou sem rima. ou uma carta de amor.
já me imaginava a calcorrear a velha e a nova londres à procura de alguém nos seus, sei lá, 60 anos, enrugado - romantismo puro - dir-lhe-ia que encontrei aquela carta, sumida, suja de pó, assinada pelo love of his life, e que lhe roubou anos de felicidade, ele então choraria baba e ranho, eu afagava as suas mãos e explicaria que nem tudo estaria perdido, que haveria um objectivo, e que encontrariamos his lover.
quando desdobrei o papel:
era efectivamente uma carta. Remetente: job agency. Destinatário: uma ex deste canto londrino.
e eu a pensar no fabuloso destino de jo.
Tuesday, 22 January 2008
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