Saturday 12 April 2008

há músicas que nos contam estórias ao ouvido

foi assim:

pudesse eu empurrar a porta do teu coração e falar-lhe ao ouvido. dizer-lhe o que devia ter dito desde o primeiro segundo, quando os olhos rasgam os outros olhos, até ao mar da alma, até onde mora o mistério do desejo humano, da paixão, do amor. dizer-lhe, dizer-te o quanto desejo chegar até ao sangue, à fervura dele. esquartejar essa máscara que trazes vestida. pudesse eu despir-me. despir-te. rasgar a máscara sufocante. cozer-te às minhas palavras e mistérios que entendes por devaneios, mas que fazem todo o sentido por onde vagueio. pudesse esfaquear esse coração de pedra, do qual tanto te orgulhas. pudesse quebrar o teu tempo e espaço; entrar pelo teu quarto e descobrir-te a cada primavera que passa.
pudesse entender-te a cada letra. segurar-te a cada palavra, e pendurar um abraço ao teu discurso irregular. mostrar-te o meu quarto e mostrar-te a colecção dos beijos dados, das cartas partilhadas.
pudesses entender o trânsito destas frases. pudesse eu as ler. pudesse o teu ouvido chegar até ao infinito onde mora o meu coração. quantas das tuas palavras têm significado – pergunto. pudesses pedir licença para te dar a oportunidade dos passos gigantes. levar-te para longe, onde moramos. esmagar-te com as provas dos sentimentos e nalgum ponteiro do relógio, pudesse eu olhar-te, no fundo de ti, no fundo do que te fez nascer, do teu mundo, e dizer-te, que te quero. ser lamechas, como o Amor deve ser.
vivê-lo a preto e branco para depois pintá-lo a cores.

surround me with your love.

é o que esta música quer dizer.

2 comments:

Anonymous said...

fantástico. È incrível como certos textos encaixam na vida de tantas pessoas por motivos diferentes.Qual a proveniencia? podemos saber mais um bocadinho? fiquei curiosa...Leonor

Joana M. Soares said...

ainda não descobri a raíz do que me liga à literatura e que mora dentro de mim e tem dificuldade em se expressar. os textos são o resultado de um turbilhão de coisas que se passam na cabeça e por ocuparem tanto espaço, umas saltam cá para fora. é isso. uma indisposição literária.