Em qualquer aventura o que importa é partir e nunca chegar. É mais ou menos isto que nos diz um dos poemas de Torga. E é isto que importo para mim mesma. Partir. Um verbo que tenho conjugado nestas duas (e meia e um bocadinho, vá lá) décadas de vida. Parti para Londres, e agora parto de Londres. E esta cidade é bastante vaidosa para me permitir viver por aqui: não deixa espaço para competir. Parto em busca do poema da minha vida. E tem sido assim: um sonhar constante, atravessando sinais proibidos, arriscando o risco. Em prol do poema da minha vida: Fui para os bosques viver deliberadamente. Queria viver profundamente e sugar o tutano da vida. E, não, quando morrer, descobrir que não vivi [in Clube dos Poetas Mortos]. Foi quando entendi o significado desta frase que deixei de atender ao barulho vizinho de (alguns) conselhos e ouvir o meu próprio ruído na ânsia do Amor pela Vida.
Gosto de Londres e gostei da sua aventura. Gosto de piccadilly, gosto da catedral de s.paul a piscar-me o olho quando caminho em direcção à universidade, do cemitério escondido frente ao restaurante, onde trabalhei e que ninguém nota, gosto do restaurante onde trabalhei, porque conheci pessoas simpáticas e diferentes, gosto da melodia dos sapatos numa orquestra afinada, que mais nenhuma cidade tem, gosto de Londres ser um poço sem fundo e me dar vertigens, gosto do ritmo e produtividade, dos mercados, gosto de camden e das cusquices da Amy no London Paper, gosto da sommerset house, gosto do rio e greenwitch, gosto dos pubs, não gosto que sejam avessos a música alegre, gosto das meninas meio despedidas a correr pelas noites frias, e sobretudo, quando diziamos mal delas, e elas não sabiam, gosto das 'largers', gosto dos phones no ouvido e caminhar até ao British Museum, gosto da Cultura, da simpatia nos olhares, não gosto da hipocrisia, e vi muita em Londres, gosto de suar no metro e reter a respiração, gosto de não ter que almoçar, gosto da segurança que se sente, apesar de meio mundo dizer que não, gosto do medo das pessoas quanto a mochilas perdidas, gosto deste blog e dos blogs dos meus amigos, gosto de todos os museus, gosto do nevoeiro, não gosto da chuva, e não gosto do nevoeiro em Maio e Junho, gosto das casas, da música, gosto do Estrela e falar sobre "ir ao poste" e dos sete milhões de habitantes, gosto de paninis, gosto da malta a beber às seis da tarde pós-trabalho, gosto de ver toda a gente a ler jornais e a comentar as notícias, gosto da BBC, gosto da rádio em inglês, mas sobretudo gosto do Mike, e da Niamh, e do Rustam, e do Delroy, e do Zé, e da Andreia, e da Sónia, e do Vasco,e sua Maria, e da Ana, e da Jojo, e da outra Ana, e da tate modern, e de atravessar a ponte até à tate modern e sentir um vento que sopra desde o london eye e só termina além da towe bridge. E sei que gosto disto tudo porque já sinto o esboço da saudade a varrer-me o peito.
Gostei, a sério. Mas também gosto...
do meu planeta b612, por isso, acompanhem-me em www.planetab612.blogspot.com
A minha London Collection já faz parte do meu planeta, e de vez em vez, venho até aqui, até vocês em jeito de brisa tuga=)
Até Setembro e até sempre,
Joana