Saturday 8 March 2008

Anteontem caminhava no passeio rumo ao trabuco, quando um homem de casaco e mala castanhos cruzou a minha direcção. Desviei o meu passo para o contornar. Ao fazer este movimento, eis que uma bicicleta vem contra mim. Ou eu contra a bicicleta. Paralisei a marcha, bati os olhos e dei um grito. O miúdo desviou-se e não me bateu. O homem de casaco e mala castanhos fez eco ao meu grito com outro grito. O rapaz perguntou se estava tudo ok. E eu não lhes disse nada. Eles não iriam perceber. Aquilo fora uma metáfora para os meus pensamentos carentes. Fugi deles, sussurei um all's fine e refugiei-me nos degraus que ali estão todos os dias.

Pus-me a profetizar: se alguma coisa de grave acontecesse ninguém quereria saber. O que faria eu? Estamos, de facto, sozinhos. Os dias passam-se de nós para nós. E, depois, como contactar os que, longe de nós, nos realmente amam e se interessam. Pus-me em prantos. Achei a vida injusta por várias razões. Achei que os que não merecem ganham finais felizes, e os que merecem apanham pontapés.

Quando tirei as mãos da cara deparei-me com uma rapariga debruçada sobre o meu olhar, parada. Are you all right? Do you need anything? Questionava-me preocupada. E eu em prantos a olhar para ela. Disse-lhe apenas que sentia saudades de casa. All is gonna be alright!

Estranhos há que aparecem no momento certo. Vindos não sei de onde, mas com um propósito. E nestes momentos sou eu quem é injusta com a vida.

10 comments:

Wask said...

fica complicado estar longe do suporte familiar, em terrenos estranhos e rodeado de desconhecidos.. os gritos dados sem ninguem para os ouvir... não posso dizer que isso vá passar, mas podes sempre atenuá-los com a presença dos amigos...

bjokas e força!!!

living in london said...

pois é,nem sempre é fácil estar longe dos nossos e por isso o apoio e carinho de amigos e até às vezes de desconhecidos é bom para nos reconfortar

Ana said...

Quero acreditar que são fases do mês em que os sentimentos estão mais à flor da pele...

É claro que são muitos os km que te separam da família e amigos, mas acredita que neste cantinho da Europa és mtas x lembrada e sp querida!

F. said...

Uns com saudades de casa, outros com vontade de partir ...

diana said...

vivemos de afectos, não de pessoas (que as há por todo o lado)..

e eu gosto de ti, joaninha.
e gostava de poder conversar contigo no final do dia como fazíamos em amesterdão..

um abraço apertadinho daqui

:)

Unknown said...

sabes que um destes dias em que andava mais em baixo, e de cabeca na lua. se aproximou uma estranha que disse. tens cara de quem precisa um abraco. pelo menos pos-me um sorriso na cara.
beijocas

Anonymous said...

Agora que te redescobri aqui, vou estar mais atenta, do lado de cá, para escutar-te...

Anonymous said...

little jo, quando regressares de Portugal lembra-te q tens deste lado do canal mais amigos do que se calhar pensas. e e' tao bom saber q temos amigos um bocadinho espalhados pelo mundo :) beijinhos, boa viagem

Anonymous said...

On our own , we are in fact!
I've been trough a lot myself but I am a strong motherf... and managed to survive...and to be honest I feel much more at home here than in my Lisbon, I do! When less expected you always find a sweet british soul by your side. They're nice people and when I see depreciative comments about them in this blogs usually done by the unsucessfull I feel like saying that I have much more english friends in the Uk than portuguese... the majority of the portuguese here are "funny" and frustrated about their own little world and they prefer to continue that way and criticise us instead of doing something about themselves like learning the language for instance...

Unknown said...

"(...)Estranhos há que aparecem no momento certo. Vindos não sei de onde, mas com um propósito. E nestes momentos sou eu quem é injusta com a vida."
O teu texto tem um sabor de "Asas do Desejo"! Depois do nome do blog, da recordação dos Violent Femmes, a cor do teu texto sobre o cinzento da vida fez o resto. Vou rasgar pelos teus textos com uma curiosidade infantil com a esperança bebeda de nunca ficar saciado. Add it up, add it up!