Wednesday 30 January 2008

Novos ministros com grandes curriculos.

Friday 25 January 2008

não sei onde estava o saxofone. se era, apenas, o rio a afinar a sua melodia. mas aquela pauta à minha frente, ontem, na margem do Thames com o olhar tímido do London Eye, e o romantismo de um ou outro corpo a deambular pelo rio, foi uma fotografia tirada cá de dentro, e que por cá permenacerá. esplêndido.
Confunde-me a educação de um puto inglês. Fico estonteada. Um miúdo deve saber-se comportar, dizer obrigada quando deve dizer, pedir desculpa na devida ocasião. Quando eu tiver os meus - oxalá - quero e devo saber transmitir estas coisas dos bons modos. Agora, uma criança, de cinco anos, que se senta à mesa, direita, traço das costas rectilíneo, thank you this and that, não barafusta, quase pede licença ao pai e à mãe para falar, permanece incólume não é normal. Uma criança guarda sempre uma palhaçada para alguma ocasião imprevisível. E é saudável. Educação à inglesa deste modo, no thanks.

Thursday 24 January 2008

qualquer dia apareco na tela gigante das salas de cinema do Arrabida ou de um outro centro comercial. assim do genero emplastro. a fazer que faco. figurino. ao largo da universidade onde estudo estavam a rodar um filme de "vampirada" - isto ontem. e no sabado passado estavam a rodar um outro tipo "gansters" perto da estacao do metro "angel", que fica nas proximidades da universidade. nao consegui averiguar sobre a pelicula, porque estavam busy busy.

[como e facil perceber, este paragrafo foi escrito num teclado ingles, que caracteristicamente sofre de certas lacunas e de outras originalidades. sim, porque isto, meus amigos, nao e a europa, e o UK :)]

Wednesday 23 January 2008

Foi em 2005 que tive o prazer de estagiar no jornal Público. O prazer maior foi descobrir a malta fixe, que ao longo dos dias desbravava estórias, e imprimia letras no papel. A Andréia Azevedo Soares faz parte dessa malta fixe. Hoje também corre a tinta da caneta por Londres, mas num jeito de bordado inglês. Aqui.

Tuesday 22 January 2008

amélie - parte II

puxei a gaveta da secretária do quarto com tamanha força, que a gaveta acabou por se deslocar, caindo no chão. quando me preparava para repor o estrago, com o rosto colado ao solo [trata-se da última gaveta], saltou-me aos olhos um papel, branco sujo, liso. comecei a fazer um filme:

será um velho bank statement, daqueles que só trazem mau fado, e por isso, foi ali recolhido, alheado de toda a angústia. ou uma carta perdida por entre vários hóspedes do quarto e tinha por finalidade dar as boas-vindas ao próximo. ou uma última carta a explicar um suicídio. ou uma confissão de algum crime. ou até um poema, com ou sem rima. ou uma carta de amor.

já me imaginava a calcorrear a velha e a nova londres à procura de alguém nos seus, sei lá, 60 anos, enrugado - romantismo puro - dir-lhe-ia que encontrei aquela carta, sumida, suja de pó, assinada pelo love of his life, e que lhe roubou anos de felicidade, ele então choraria baba e ranho, eu afagava as suas mãos e explicaria que nem tudo estaria perdido, que haveria um objectivo, e que encontrariamos his lover.

quando desdobrei o papel:
era efectivamente uma carta. Remetente: job agency. Destinatário: uma ex deste canto londrino.
e eu a pensar no fabuloso destino de jo.

Monday 21 January 2008

"se os olhos descobrem os olhos"
e
"o sonho é a realidade"
"não separes o corpo da paixão"

D'ela quando baila atenta pelas ruas do Porto.

Exército Terracota

Chinas's Terracotta Army é uma - sedutora - exposição no British Museam. Despejou as malas em Setembro e abala em meados de Abril [quase a mesma duração das aulas do meu mestrado]. Lá conta-se tudo sobre o primeiro Emperor que conquistou a China, e ergueu as suas muralhas, e sobre o exército Terracota destinado a protegê-lo - o homem que uniu a cultural madarim mas que temia a morte.
Hoje choveu efectivamente em Londres. Chover de chuva. Muita. Chuva enevoada. Daquela que entra por todo o lado sem pedir licença. Daquela que não sabe o que o conceito de umbrella quer dizer. Guarda-chuva para um lado, Joana para o outro. Sim, hoje choveu a sério.

Wednesday 16 January 2008

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa

Sunday 13 January 2008

Eis o pior da solidão, ou dos momentos - muitos - que se passa sozinho em espaços vazios e/ou desconhecidos, quando, enfim, estamos nós e nós/eu e eu:

pensar, pensar, pensar. no que se deve e no que não se deve. no tudo e no nada. no que foi e no que vai ou pode ser.

madrugada

numa das muitas madrugadas acesas de amesterdão, uma amiga norueguesa - Ingrid - falou-me de um grupo que tinha um nome português, que não sabia bem qual era, mas que as músicas, dizia-me ela, "são awesome". mais tarde uma amiga, desta vez portuguesa - Isabel - falou num grupo fantástico estrangeiro que se chamava madrugada. 1+1=2. terminei o puzzle e fui à«net». as músicas são realmente "awesome". não é a primeira vez que estaciono a madrugada dos meus dias ali do lado. mas esta música descobri hoje, e é extraordinária. partilho.
a minha london collection está a aumentar. e ainda bem. no sábado passado eu e os bloguers tugas, aqui de londres, juntamo-nos à mesa em Vauxhall. conhecemo-nos e assim expandimos a rede de conhecimentos tugas. tudo boa gente :=)

Tuesday 8 January 2008

Às oito horas da manhã não se deve esperar muito de uma pessoa. Na volta à rotina de Londres, o sono quase me levava para Itália.
Alheada ao portão de embarque, e ao destino, entreguei o boarding pass e rumei até ao avião, só a voz estridente do rapaz do embarque quebrou o meu sossego:

- quem é que vai para Londres?
- vamos todos, oh parolo (sim, ainda tive tempo de pensar uma maldade destas)
- quem é a miss Soares
- pronto, já meti a pata na poça
- este avião vai para Itália, você vai para LONDRES, gate 18.
- hmmm...

Mais tarde, ao passar o controlo novamente, um outro senhor verifica o meu BI e dá-me a novidade: "Joana, o seu BI caduca em breve - dia 20". "Passshhh". "Está a ver!?" - exibe a data de expiração do documento. "Que grande chatice".
Na verdade, eu não estava a ver nada, porque mais tarde confirmei, e afinal caduca em 2009. Às oito horas da manhã não se deve esperar nada de uma pessoa.

Saturday 5 January 2008

com um verso mal embutido se derrama um poema

Tuesday 1 January 2008

à memória da minha tia Maria...

Tia Maria. Não é do licor que falo, mas de uma mulher: tia, mãe, força da natureza. As letras do abecedário são poucas e vulgares para a definir. Sempre firme, sempre forte - até na hora da partida. A tia gata: olhos verdes, cabelos brancos que o tempo lhe pintou. Linda. A pele macia das mãos muitas vezes aconchegaram-me o peito. A tia Maria desempenhou um papel importante na minha infância. Deixava-me fazer asneiras no apartamento da Constituição, levava-me a comida à boca. Eu recusava a comida à boca, e a tia Maria contava estórias. Eu, entretida rebolava o melhor esparguete cozido que alguma vez provei. Se agora fechar os olhos e fazer de mim o sentido do paladar aquela manteiga a escorregar no esparguete. delicioso. Animada, ouvia as estórias das duas irmãs, do saco de presentes, do bom e do mau. E à tarde embalava-me na cama, quentinha, fazia festas na testa e eu assim, criatura feliz, adormecia. Preparava-me o lanche, e cedia às minhas pressões infantis para ficar lá a dormir e crescer um pouco mais no novo dia. Verdes anos. Foram, de facto, verdes anos. No apartamento da Constituição. Aquela gargalhada safada da tia sacodia qualquer embaraço ou tristeza. Tinha a resposta pronta na língua. Era uma mulher a sério. E por ser tão grande e tão mulher, no regaço educou a filha de igual modo - a minha tia Maria dos Anjos. Dos Anjos. Sempre amiga, sempre fogo, sempre terna, sempre humana. Sempre forte.

A tia Maria partiu conquistando o novo ano e esperou por mim. Ainda bem que te sussurrei ao ouvido o quanto te gosto, ao mesmo tempo, que te descrevia a linha do Douro que espreitava pela janela, a sorrir para ti.